sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Esmifrando o Primeiro Sufrágio

Como nota prévia quero agradecer à minha irmã pelo "brilhante" título. Como vês maninha não foi um erro assim tão grande.
Terminando a nota prévia para não parecer demasiado o Vasco Pulido Valente (n'é Curdo?), não quero com este post fazer apologia de nenhum partido ou corrente política. É apenas a minha visão sobre o resultado e possível efeito das eleições legislativas do passado Domingo.

Começamos então pelos resultados:

Partido Socialista - 36,56% - 2.068.560 votos - 96 mandatos

Partido Social Democrata - 29,09% - 1.646.071 votos - 78 mandatos

CDS - Partido Popular - 10,46% - 591.938 votos - 21 mandatos

Bloco de Esquerda - 9,85% - 557.091 votos - 16 mandatos

CDU - Coligação Democrática Unitária - 7,88% - 446.172 votos - 15 mandatos

Perante estes resultados será naturalmente convidado a formar Governo, José Sócrates do Partido Socialista.
Passando ao exercício de reflexão, Sócrates sai de uma maioria absoluta em que governava sem pedir contas a quem quer que fosse, para uma maioria relativa, mais frágil ainda que a primeira de António Guterres.

Se não vejamos, o PS, não consegue formar maioria parlamentar com nenhum partido à sua esquerda. Teriam de conciliar a sua opinião com o Bloco e a CDU em simultâneo para conseguirem efectivamente a maioria dos votos.

Analisando friamente a postura do primeiro governo Sócrates, negociar, sobretudo à esquerda, não é, nem nunca foi um dos fortes do Governo PS. Numa altura de clara convulsão social derivada da crise Global, a coisa não se antevê muito fácil.

Se não pode ou consegue conversar com a esquerda, pode(ainda que não consiga), conversar com a direita. O CDS teve o melhor resultado desde os tempos da velha AD.
Haverá quem diga que a demagogia do tema segurança contribuiu muito para este factor. Talvez, mas se a subida do Bloco e da CDU representa fragilidade do PS, esta subida meteórica do CDS representa uma enorme fragilidade do PSD.

A conversação entre Sócrates e Paulo Portas, antevê-se ainda mais difícil. Sócrates perdeu a sua maioria absoluta, claramente pela subida de quem está à sua esquerda. Conversar com o CDS pode ser um suicídio político.

Quem sobra então? O PSD. Tal como eu disse ainda há pouco, o PSD está frágil. É a segunda votação seguida em legislativas abaixo dos 30%. Há 4 anos era o efeito Santana, mas agora Santana Lopes é candidato a Lisboa e nem sequer se meteu no barulho das legislativas.

À atenção de Manuela Ferreira Leite, eliminar competição interna é eliminar opções válidas para o país... e como se viu, deu este efeito de pulverização.

Na minha opinião pessoal o PS e o PSD sobrepõem-se bem mais que o que gostam de admitir. Naturalmente se poderá dizer que são partidos muito grandes, com muitas opiniões diferentes, que são abrangentes e democráticos e mais uma série de definições improvisadas do género.

O grande elefante de que ninguém fala é que são o tal "Bloco Central", de que se fala tanto 25 anos depois de ter caído o Governo Soares apoiado pelos dois partidos, às mãos do próprio PSD de Cavaco Silva.

E a questão aqui é só uma.

Estão interessados no poder ou no progresso do País?

Se é o poder que querem, pois muito bem, temos novas legislativas para daqui a uns dois anitos.
A esquerda e a direita aumentarão a votação, os dois grande partidos perdem influência, e vão todos ficar espantadíssimos quando perceberem que Portugal já não é só um país de "artolas" que vão atrás do autocolante mais bonito.

Se estão interessados em Portugal, a proposta é bastante simples. Façam um governo de unidade Nacional(não é bloco central, é unidade nacional), aguentem quatro anos sem paleio estragado, e lancem finalmente Portugal num caminho coerente e sem delírios de grandeza.

Lá pra 2013 voltamos a ver qual é o programa político que nos agrada mais, e votamos de acordo com a nossa consciência.

Infelizmente, e continuo a dar apenas a minha opinião, não vejo ninguém interessado em mais do que o poder... portanto vamos continuar na cauda mas com muitos records duvidosos no Guiness Book.

1 comentários:

Raqui disse...

Porque será que em Portugal é tão essencial ter maioria absoluta para se governar? Porque somos tão avessos a coligações? Por essa Europa fora não faltam bons exemplos de blocos (centrais e outros)que resultaram tão bem melhor que as nossas maiorias... Como seria bom que os políticos agora eleitos estivessem verdadeiramente ao serviço do interesse nacional!