quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Os Plátanos

Não conheço ninguém que seja tão louco por Plátanos e Áceres como eu.
Uma rua ou jardim coberta destas árvores frondosas e fico a sorrir involuntariamente.
Seguramente haverá uma razão para isto. Poderá ser o facto de eu sempre ter gostado de correr no largo da Igreja de Espinho quando era pequeno, poderá ser porque eram as árvores que existiam no lugar onde hoje é a "feira do peixe", e esse ter sido o meu recreio das tardes quentes de Primavera e Verão. Não sei realmente a razão. O que sei é que adoro mesmo o raio das árvores.

Por muito que seja um apaixonado pelos Plátanos e Áceres, sou muito "democrático" quanto a árvores e espaços verdes. Gosto de todas em geral. Como cresci mesmo junto ao recinto da feira, acabei por me afeiçoar muito aos velhinhos choupos que lá estavam.

Há cerca de ano e meio dei por mim a ficar meio irritado com um ruído persistente de máquinas de corte de madeira. Pensei eu que estava tudo maluco, porque a poda não precisava de maquinaria tão pesada, nem demorava tanto tempo.

Olhei pela janela e não vi os "velhotes" aqui em frente!

Até chorei de fúria! Qualquer pessoa ligada ao executivo camarário que tivesse tido o azar de se cruzar comigo nesse dia e no seguinte, teria a integridade física em sérios riscos.
Entre o diz-que-disse habitual da nossa terra, constou que os "velhotes" estavam doentes, e que, caso não os abatessem, eles podiam cair em cima de alguém.

Não sou botânico, portanto não vou fazer qualquer sugestão sobre esta matéria. Baseado no mais puro empirismo de abrir a minha janela todos os dias, os "velhotes" lá estavam, viçosos e grandalhões como sempre os conheci.

Vi então na Imprensa local a explanação do projecto e as razões essenciais para tal obra.
Pelos vistos os "velhotes" eram uns beberrões de água! Completamente "inadequados à malha urbana". O objectivo aqui era substituir os choupos velhos, doentes e inadequados, por Ácer-Platanóides novos, fresquinhos e adequadíssimos. No entanto era preciso remover quanto antes as árvores velhotas, quanto às novas só em Setembro seriam plantadas por que era a época mais adequada.

Agora vem a grande questão.
Quando eu andava na escola, diziam-nos que as plantinhas deviam ser semeadas ou plantadas na Primavera. Aliás, o Dia da Árvore coincide precisamente com o primeiro dia da Primavera por isso mesmo.
Das duas uma. Ou o nosso executivo e técnicos responsáveis, confundiram os equinócios, ou espetaram-nos uma mentira pegada!

A obra de requalificação foi feita a uma manhã por semana. Todas as sextas de manhã havia 2 ou 3 homens a tratarem de colocar o novo pavimento. Os outros dias não havia ninguém. As árvores foram plantadas quando era suposto, em Março!

Recentemente voltei a ouvir as serras a cortarem árvores e pronto, em menos de nada eis que metade do quarteirão vizinho estava depenado. Desta vez nem razões houve porque já tinham sido dadas. Só há uma pequena falha. Estas que foram cortadas recentemente não eram árvores assim tão velhas quanto isso. Lembro-me delas novinhas em folha há cerca de 20 anos atrás.

A evolução da obra, tem decorrido ao ritmo que devia ter decorrido a outra. Tão rapidamente quanto possível e todos os dias úteis das 9 às 5.
O que é pena é que tenham mandado os "menos velhotes" abaixo quando faltam 6 meses para porem os "novos" no sítio.
O frenesim de acabar a obra até me faria pensar que é por termos eleições pra quase tudo este ano.

Quanto aos Ácer-Platanóides, muito obrigado por terem escolhido estas árvores.

Quanto à obra, ganhem mas é juízo e deixem-se de eleitoralismos baratos.

Quanto aos "velhotes", felizmente o meu avô, que nasceu em Espinho e os viu a serem plantados, não os viu serem mortos.

Num mundo onde se exigem cada vez mais árvores, o nosso executivo fez uma evolução meteórica para os anos 30 do século XX, e colocou mais pedra como se exigia nessa década!

E repito:

Adoro Plátanos e Áceres!

2 comentários:

Sergio Aguiar disse...

Penso que o executivo não voltou aos anos 30, mas a uma tendência (que eu não compreendo) de arquitectura actual.
Basta reparar no que foi feito no Porto 2001, ou na marginal de Matosinhos ou então na marginal de Leça: não há espaço para árvores.
Pura e simplesmente os nossos arquitectos "paisagistas"? acham preferível pedra e mais pedra e vão sacrificando o verde que ou está ou devia estar presente.

Kika disse...

A autarquia que me foi emprestada recentemente (Braga) tem visão, apesar de um pouco turva, da necessidade de criação de espaços verdes, ou de jardins com flores. Os projectos dos diferentes partidos acentam precisamente no aumento de espaços verdes e melhoramente dos existentes.
O executivo actual aumentou um túnel e por cima foi criado um grande jardim de flores. O problema da cidade é do planeamento urbanístico, a falta dele vá.. Mas continuando com árvorinhas.
A autarquia da cidade que me viu nascer e da qual tenho orgulho de dizer a que pertenço, (Espinho) construiu um túnel cujo jardim cimeiro é feito de latas de coca-cola, papeis etc etc um colorido de lixo digno de se notar. O parque JD tem as portas aqui referidas pelo meu mano, vá-se lá entender. Em frente ou traseiras do Centro Multimeios tem o campo de treinos do Espinho (futebol) ah não é uma alternativa à praia, ali podem tomar-se banhos de sol sem o incómodo do mar e da areia, afinal é um descampado inutilizado (mais a barraca temporária das finanças, aceito apostas para quantos anos lá vai ficar o barracão!) O recinto da feira tem uma pista de atletismo (só faltam as risquinhas brancas) onde se incluem bebedouros para os atletas cansados. Tem pedrinhas "lindas" e 24 Plátanos. (isto faz-me lembrar as 24 rosas do Zé Malhoa, esse grande cantor que esteve presente na festa da cerveja de 3 semanas (?!?))
São escolhas... eu cá acho que doente anda o executivo camarário e não os choupos. E pior do que tudo a cidade de Espinho está doente! Carcumida pelo turismo de garrafão (que já nem esse para cá vem) suja porque a limpeza é feita ao domingo à tarde na esplanada durante o Verão. Fantasma, caminha-se caminha-se ao sábado de tarde pelas ruas e não se vê "ninguém". Pudera...terrinha atrasada...