terça-feira, 13 de outubro de 2009

Espinho - E depois das eleições ( Parte 1 de 2 )

Antes de mais, declaração de intenções ou contextualização - não obrigatória, mas penso que ajudará a entender melhor algumas das minhas opções e ideias. Nasci em Espinho ( pese achar que é totalmente irrelevante o sitio onde se nasce nestes casos ) e nos últimos 18 anos vivi apenas 5 anos em Espinho. Actualmente vivo e trabalho em Lisboa. Sou também militante do PSD, tendo até agora tido uma única fugaz experiência política na JSD - bons tempos.

Dito isto, é pois com algum distanciamento que analiso o concelho de Espinho. A sua evolução, o seu desenvolvimento ( palavra sempre, mas sempre confundida com crescimento... ) e, no rescaldo das eleições, o seu futuro.

1. Pinto Moreira não ganhou, perdeu José Mota
Pese a euforia dos meus queridos companheiros de partido, estou convicto que mais do que uma vitória, assistimos no último domingo a uma derrota - de José Mota. Após 16 anos, Espinho é o quê ? Qual a percepção de quem nos visita sobre a nossa cidade ? Qual a sua evolução nos últimos anos, face às suas concorrentes ( sim, existe concorrência entre cidades e regiões, mesmo vizinhas ) como por exemplo Vila da Feira, Ovar, Gaia ? Qual o seu peso na zona metropolitana do Porto, zona de influência natural de Espinho ? A resposta às questões anteriores é, conforme todos concordarão, complexa. Contudo, numa análise preliminar, penso que a evolução nas questões apontadas é francamente negativa. E a maioria dos eleitores terá tido esta percepção, votando numa alternativa. E, contudo, note-se na diferença de votação: muitas pessoas ( quase em igual número ) votaram PS. Pergunto: porquê ? E não sei a resposta.

2. O passado recente do PSD em Espinho
a) O PSD ganhou. E eu faço questão de deixar bem claro que não acreditava nesta possibilidade. Por 16 anos de PS seguidos ( história e tradição... ), pela trapalhada que foi a escolha do candidato à CM, pela estratégia seguida pelo PSD em Espinho ao longo dos últimos anos. Em política, tal como em muitas outras actividades, não basta ser sério - e lá voltamos à mulher de César - há que parecê-lo também. E nos últimos anos, a estratégia do PSD foi, do meu ponto de vista, desastrosa. Na percepção de amigos e familiares com quem fui falando ao longo dos anos, o PSD limitava-se a dizer mal, a ser excessivamente agressivo, sempre em disputas nem sempre muito dignificantes para os intervenientes. Aliás, há uns anos atrás, recomendava-se vivamente uma visita às reuniões da assembleia municipal da CM - qual Monty Python qual quê. Portanto, onde estava a real e credível alternativa ?

b) O funcionamento do partido. Desde que sou militante e deixei de colaborar com a JSD, fui contactado duas vezes por altos responsáveis politicos do PSD de Espinho. Um com destacadas funções locais, outro com funções e visibilidade de maior amplitude. E pediram-me a opinião ( enquanto cidadão e militante ) sobre algum tema em particular ? Pediram o meu contributo para alguma causa ou actividade ? Não. Tiveram o cuidado ( para o qual fiquei deveras sensibilizado ) de me explicar porque deveria votar num candidato à presidência do partido e não noutro. E está tudo dito. Portanto, mesmo em tempo de euforia e de festejos, há que manter um necessário espírito crítico. O PSD em Espinho conta com excelentes quadros técnicos e humanos no seu corpo de militantes e é um desperdicio não aproveitar estes recursos. Além de, naturalmente, aproveitar a dita sociedade civil. Espero pois que a partir de agora, até pela responsabilidade acrescida, o PSD tenha uma maior abertura aos seus e à dita sociedade civil.

1 comentários:

Tiago Guimarães disse...

O que eu penso exactamente.
Mas como nada tenho a ver com o PSD, podia soar a falso se fosse eu a dizê-lo.

Obrigado amigo Castro pela tua visão, sempre cheia de acuidade!