3. A actual situação
No actual momento, Espinho é claramente um concelho em queda. Ou no limite, se quisermos, será mais ou menos consensual que terá estagnado. E, para além de apenas criticar os últimos 16 anos ( mas seria interessante ir mais longe ), há que tentar perceber o que aconteceu. Até para se evitarem os mesmos eventuais erros. E, tal como já referi anteriormente, é necessário comparar, inserir Espinho na sua envolvente ( macro, regional, local, etc ). Os nossos vizinhos também se modernizaram. Cresceram e, mais do que isso, desenvolveram-se. Criaram novos pólos de atracção, apostaram forte em algumas valências, melhoraram acessibilidades. Ficaram mais atractivos, ficaram mais "perto". Tivemos ao longo dos anos algumas obras emblemáticas, mas quase todas, se não me equivoco, na cidade de Espinho. Há excepção da nave desportiva, confesso de repente não me lembrar de muito mais. E algumas das ditas obras, tiveram resultados finais muito discutíveis. Os arranjos no centro da cidade, o mercado municipal ( !!!! ), o multi-meios, a esplanada. O enterramento da linha, confesso não ter acompanhado devidamente. Só sei que ela está enterrada - quer em baixo, quer em cima... Isto só para focar alguns dos aspectos mais visíveis. Portanto, nas freguesias ? Há um parque infantil ? Há um jardim ? Há ordenamento urbanístico ? Há preservação da memória, das tradições, da cultura ? A somar a tudo isto, quebra muito forte no tecido industrial do concelho, com as inevitáveis repercussões no comércio local, na habitação, nos serviços. Até penso em mim - de certa maneira, vim parar a Lisboa por falta de opções.
4. O futuro
Sem qualquer cuidado com a exequibilidade das propostas ( se há dinheiro, se são viáveis, até se fazem sentido... ), proponho as seguintes áreas de intervenção:
1. melhorar a gestão camarária. Tal como já foi neste blog comentado, deixar de vez os chamados "tachos" e apostar na seriedade, na competência, nas provas dadas. Modernizar. Tratar os cidadãos como clientes, procurando a satisfação destes. Servir o cidadão e não se servir deste.
2. transparência na informação. E abuso desta. Vamos ao site da CME e... experimentem o "turismo".
3. apostar forte na educação. Apoiar no que for possível em termos de infra-estruturas e de meios. Levar os putos a conhecer o país. A visitarem a Assembleia da República em Março ( não tem sempre de ser em Abril ). Contratar professores para matérias alternativas. Ensinar aos putos do concelho chinês ( já o fazem na Holanda, como língua opcional ). Em colaboração com as secundárias, colocar espinho no top 10 dos rankings. Difícil ? Só temos 2 escolas. E sempre tendo em conta que o retorno demorará 20, 30 anos. Isto, para mim, é preparar o futuro. E numa geração, conseguir subir o nível sócio-cultural ( não confundir com PIB per capita ou rendimento disponível ).
4. mar. Apostar no mar e em tudo aquilo que directa ou indirectamente está subjacente. Apostar numa escola de restauração, vocacionada para o mar. Desportos náuticos, é possível ? Não sei, investigue-se. Vela. Apostar num laboratório de investigação cientifica marinha. Fazer a ponte com as universidades do Porto, de Aveiro, dos Açores. Da indonésia. Pesca artesanal ? Recolocar Espinho no roteiro gastronómico. Talassoterapia. Apostar forte nesta área. Sermos reconhecidos daqui a 10, 15 anos como um centro de excelência nesta áera. Com o aeroporto do Porto, conseguimos captar pessoas pelo menos de toda a europa ocidental - não esquecer que para um alemão ou nórdico, o nosso clima é bastante agradável.
5. Turismo. Apostar mais nas freguesias. Criar infra-estruturas com os agentes locais. Incentivar redes micro-regionais de turismo de habitação. Deixar de lado o eterno paradigma da "Rainha da Costa Verde". Criar percussos pedonais pelas freguesias, incentivar o turismo social e cultural. Parcerias com o hipódromo, com o aeródromo, com o golf. Quantos concelhos têm, simultaneamente, estas três valências juntas ? Quantos ? Deixar de lado o outro eterno paradigma - o casino.
6. Cultura e desporto. Criar as infra-estruturas e contratar gestores profissionais nestas áreas. Acabar com o subsidio de 1000 euros à associaçao dos amigos da rampinha. Incentivar o uso, a prática, mas não subsidiar. Preparar os públicos e praticantes do futuro - e isto começa na escola. Não ficar apenas pelas excursões dos miúdos de 8 anos ao cinenima para verem um filme de animação em plasticina. E Húngaro... Estimular, com a biblioteca, cafés, restaurantes, escolas, juntas, tertúlias e debates, com pessoas de renome nas respectivas áreas. Oeiras tem um projecto muito interessante nesta área.
7. Urbanismo e planeamento urbano. Desistir, por favor, de um centro comercial na antiga CORFI. Fazer da 19 e da 23 uma área totalmente pedonal, fazendo desta zona um centro comercial ( de comércio tradicional e local ) ao ar-livre. Impedir a especulação imobiliária ( que se consegue, a longo prazo ). Olhar com muita atenção para as freguesias - escondidos, entre pinheiros, temos alguns atentados no mínimo, ao bom gosto.
Mais poderia ser proposto. Do que aqui escrevi, pelos motivos já apontados, seguramente muita coisa não é possível de ser colocada em prática. Ok. Mas que se pense então em alternativas. No mínimo, que se defina uma linha de actuação, que nos dê a entender claramente o que queremos ser daqui a 20, 30 anos.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
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3 comentários:
Eu insisto.
Se eu fosse o Pinto Monteiro, ou assessora do Pinto Monteiro, não perderia este blogue de vista...
O mais interessante é que a maioria das coisas que tu propuseste nem sequer envolvem grandes quantias de dinheiro. Envolvem vontade e capacidade para traçar um plano de acção e mobilizar a sociedade civil. Boa parte do que propuseste nem tem que ser a câmara a fazer! Cabe aos autarcas apenas proporcionar condições para que o pessoal se mexa!
Não poderia estar mais de acordo com esta opinião, quase que poderia dizer que completa a minha humilde opinião, torna-a mais clarificada e específica.
É mesmo isso, tentar encontrar novos rumos para o Concelho, já basta ser um Concelho pequeno em tamanho, que não seja pequeno em ideias e em projectos. E sobretudo, pequeno em realização.
O caso do rebaixamento da linha, poderei resumir àquilo que chegou aos meus ouvidinhos. Enterrar a linha: Projecto desde 19e carqueja, realizado ao fim de não se quantos anos. 1º Pormenor - Dividiu o concelho tanto quanto a antiga linha. A minha sugestão (e de qualquer pessoa) seria entrar em acordos com a Câmara de Gaia de modo a que o túnel se prolongasse mais uns 20 metros. Na zona do bairro piscatório (zona sul da linha) a linha deveria apenas subir já perto do campo de Golf de Silvalde e não no meio das casas. Ponto 2: Libertou um espaço enorme entre a avenida e rua 8 que está ao abandono, primeiro era porque os terrenos são da CP, depois foi porque o piso tinha que estar X tempo sem levar com nada em cima de modo a que não haja desabamento. Depois também já ouvi que a Câmara deve tanto à empresa que construiu o túnel que essa empresa é que decide tudo. Ou seja, o rebaixamento era necessário, foi feito ao fim de não sei quantos anos, foi mal feito e são as obras inacabadas. Temos uma lixeira a céu aberto na zona turística por excelência da cidade. Isto é o que eu entendo, entendi da história. Poderei estar a dizer asneiras, não estou por dentro concretamente, apenas digo do que vejo e sei que com planeamento devido as coisas funcionariam de forma diferente.
Subescrevo por baixo esta análise e algumas das soluções apresentadas.
Contudo há algo que me escapa, até que ponto para uns Espinho estagnou e está mesmo a regredir e para outros, ele estará bem e em princípio recomenda-se...a diferença de votos foi na casa dos 166 entre o PSD e o PS.
Estas distintas visões tem muito que se lhe diga, pelas mais variadas razões - idades, gerações, experiências de vida, comodismo,pouca ambição das nossas gentes.
Talvez seja muito importante marcar esta diferença de forma substâncial, ela terá que ser bem planeada,discutida e analisada, terá de ser bem explicada à comunidade, para ser bem compreendida e ter a sua adesão e depois de forma realista avançar, sem cair no risco ou tentação de dar passos maiores, que as calças.
Não chega só "obra feita", não chega inaugurar uma biblioteca sem livros, não chega inaugurar o mercado,estando metade vazio... temos de ser consequentes com a obra feita, não chega só edificar, se ele não é habitado/visitado/ocupado pelas pessoas...mas para pena minha, ainda há muita gente no nosso concelho, em que o mais importante é ter obra, se ela depois funciona ou não, é irrelevante...assim sendo é necessário engenho e arte para inverter este pensamento e assim poder-mos ambicionar outros objectivos, pois sem conhecermos as letras, sabe-las juntar e começar a lê-las e escreve-las, não puderemos ambicionar ler livros de uma outra dimensão e envergadura, ficaremos sempre agarrados aos velhos livros da primária e pouco mais, dentro de um mundo pequenino e mesquinho, que nos remete para a ignorância e o que isso significa em termos de populismo e demagogia.
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